segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A árvore

Podei minha árvore da lembrança
Juro que podei até o mais perto possível dos galhos
Tentei eliminar o peso, para florir a esperança
E onde havia buracos, revesti com assoalhos

Mas de nada adiantou
Tudo foi em vão
Minha árvore desbotou
Vendo suas folhas no chão

E isso doía em mim
Escureceu o céu de meu coração
Descoloriu do meu olhar o jardim
Os laços simples fez-se minha prisão

Todas as lembranças que podei
Continuavam ainda assim na árvore
E sem folhas e frutos, quase a árvore derrubei
Eu de tão sensível, sinto-me agora como a mármore

E os laços que digo, que se fez minha prisão
Não me deixam escapar, nem cavando o chão
Chão esse que fica em meu peito
Acarretando todas as lembranças, do que um dia foi perfeito

Por mais que tente esquecer
Eliminar, desatar
Esvair ou esfarelar
De nada adianta, pois volto a relembrar

E olho assim minha árvore coberta de solidão
Chorando pétalas na madrugada
Quase nua, já podada
E ainda assim, exala o cheiro da afeição.
                                                       Efêmero dos Devaneios

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